Artigo de Opinião de Marisa Lages – Fisioterapeuta, Docente no Ensino Superior e Investigadora

A saúde mental é uma parte fundamental do bem-estar de qualquer sociedade, e Portugal não é exceção. No entanto, à medida que o nosso país enfrenta inúmeros desafios de saúde, econômicos e sociais, a saúde mental dos cidadãos frequentemente permanece em segundo plano. É hora de olharmos criticamente para o estado atual da saúde mental em Portugal, reconhecendo o papel crucial da fisioterapia na promoção do bem-estar mental. O nosso país tem avançado em muitos aspetos da assistência médica, mas a saúde mental ainda é um campo subfinanciado e subvalorizado. A estigmatização em torno das questões da saúde mental continuam a ser uma barreira significativa, impedindo muitos de procurar ajuda quando necessário.

No entanto, uma parte importante da solução reside na fisioterapia. A fisioterapia desempenha um papel vital na promoção da saúde mental, muitas vezes esquecido ou subestimado.

Através de atividades físicas apropriadas, os fisioterapeutas ajudam a aliviar o stress, a ansiedade e a depressão. O exercício físico regular não é apenas benéfico para a saúde física, mas também para a saúde mental, estimulando a libertação de endorfinas e melhorando assim o humor. A pandemia da COVID-19 trouxe à tona as vulnerabilidades da saúde mental, com o aumento do stress, da ansiedade e da depressão em toda a população. A falta de acesso a atividades físicas regulares devido a restrições e confinamentos agravou ainda mais os problemas de saúde mental.

A fisioterapia desempenhou um papel vital ao oferecer orientação sobre exercícios em casa, técnicas de relaxamento e reabilitação para aqueles que sofreram lesões. No entanto, a falta de investimento na integração da fisioterapia nos cuidados de saúde mental é um desafio crítico. A colaboração entre fisioterapeutas e profissionais de saúde mental deve ser incentivada, permitindo uma abordagem holística para o tratamento destes pacientes.

A inclusão de atividades físicas como parte integrante do plano de tratamento para pessoas com transtornos mentais é uma prática que merece ser amplamente adotada. Além disso, a formação de fisioterapeutas deve incluir um foco na saúde mental e nas técnicas terapêuticas que podem beneficiar os pacientes. Os profissionais de fisioterapia precisam de estar preparados para reconhecer os sinais de problemas de saúde mental e serem capazes de fornecer o apoio adequado.

Em resumo, o estado crítico da saúde mental em Portugal exige uma resposta abrangente que inclua o reconhecimento da importância da fisioterapia na promoção do bem-estar mental. O exercício físico e as técnicas terapêuticas oferecidas pelos fisioterapeutas desempenham um papel fundamental na melhoria da saúde mental. É hora de integrar efetivamente a fisioterapia nos cuidados de saúde mental, investir em recursos e promover uma abordagem mais holística para o tratamento. Ignorar essa dimensão da saúde mental em Portugal tem consequências sérias para os indivíduos e para a sociedade como um todo.  

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