Um grupo de médicos do hospital de Bragança alertou o Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde do Nordeste para aquilo que consideram ser falta de condições para o tratamento de doentes com covid-19, a doença resultante do novo coronavírus e temem que hospital se torne foco de contágio
Num documento datado de quinta-feira, dirigido também à direção clínica e à direção de enfermagem e a que o jornal Mensageiro teve acesso, estes médicos alertam para os problemas existentes no local definido para acolher e tratar os pacientes infetados, instalado no chamado “edifício satélite”, onde habitualmente funciona a o serviço de Medicina e junto ao de hemodiálise.
“Prevendo que esta seria a área de maior concentração de casos e, como tal, de mais elevada carga vírica e consequente risco de contágio do local”, onde “não foram definidas nem delimitadas áreas contaminadas entre doentes, profissionais e não doentes”.
Acrescentando que não foram também estabelecidas “entradas independentes para as mesmas e que não foi assegurado equipamento de proteção individual adequado e suficiente para médicos, enfermeiros e auxiliares”. Nestas circunstâncias, dizem, deveria ter sido dada prioridade “à segurança de todos mas, passadas mais de duas semanas, nada aconteceu”, alertam.
Ao que aquele jornal apurou, nos últimos dias não houve alterações a esta situação.
No mesmo documento lê-se ainda que “os quartos não têm ventilação nem extração de ar que permita, em segurança, ventilação não invasiva, oxigénio de alto fluxo, e muito menos abordagem de via aérea (intubação dos doentes)”.
Os clínicos alertam que “a equipa de Medicina Intensiva e as oito camas de intensivos que destinaram a estes [23] doentes” não vão “ser suficientes”.
Este grupo de médicos teme mesmo nada poder fazer “para evitar um contágio geral”.
Ao jornal Mensageiro, fonte do Conselho de Administração remeteu esclarecimentos para um comunicado que será divulgado esta segunda-feira de manhã.
Recorde-se que este sábado foram vários os elementos do serviço de hemodiálise a testar positivo a covid-19, incluindo um utente de um lar da região. Esta é uma situação que tem estado a preocupar outros responsáveis de saúde pública do distrito.
As 23 camas do edifício satélite destinadas, numa primeira fase, aos doentes com covid-19 (e denominado de covidário) distribuem-se por cinco quartos individuais, três enfermarias com quatro camas cada e uma outra com seis. Nenhuma tem pressão negativa.
Para o início da semana prevê-se a entrada em funcionamento de mais 20 camas instaladas num hospital de campanha montado pela autarquia de Bragança no parque de estacionamento junto às urgências do hospital local.
Jornalista: Fernando Pires
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