Cerca de 7500 árvores autóctones vão ser plantas em Murça numa ação de reflorestação nas áreas afetadas pelo grande incêndio que deflagrou em julho. A iniciativa é promovida pela Cooperativa de Olivicultores e pela Quercus e está a decorrer desde sexta-feira até hoje.
A Cooperativa Agrícola dos Olivicultores do concelho não ficou indiferente ao drama do devastador incêndio que destruiu milhares de hectares no concelho e, por esse mesmo motivo, estabeleceu com a associação ambientalista Quercus uma iniciativa ambiental denominada “Um garrafão, uma Árvore! Vamos Plantas Esperança“. Cada garrafão de azeite vendido foi convertido numa das árvores de espécies autóctones que, agora, serão plantadas.
Entre as espécies de árvores que estão e vão ser plantadas encontram-se as bétulas, faias e carvalhos, resultantes não só da campanha mas, também, de uma doação da farmacêutica Astrazeneca.
“No fundo, [espécies] folhosas para criar um efeito tampão, ou barreira, entre as parcelas agrícolas e as áreas florestais”, mencionou Francisco Vilela, presidente da direção da Cooperativa Agrícola dos Olivicultores de Murça, em declarações à agência Lusa e acrescenta explicando que a ideia é criar “uma faixa de folhosas entre terrenos de monocultura de pinheiro bravo”. No incêndio de Murça, Francisco vinca que “foi bem visível o efeito tampão criado pelos mosaicos agrícolas na propagação do fogo”.
Murça foi alvo de um incêndio que se alastrou de 17 a 21 de julho, tendo queimado cerca de 7000 hectares. No fogo foram afetadas 23 aldeias, 14 delas no concelho de Murça, tendo um casal, com 69 e 70 anos, morrido.
“Se existissem mosaicos criados de forma pensada e estratégica poderíamos controlar o incêndio muito melhor e isto serviu de base para a nossa iniciativa, ou seja, não colocar pinheiros sobre pinhos, mas colocar folhosas, árvores mais resilientes ao fogo para que, se voltar a acontecer um problema destes, pelo menos a área ardida não seja tão extensa”, referiu Francisco Vilela.
Jornalista: Lara Torrado
Foto: Canal N / Arquivo