A Câmara de Alfândega da Fé tornou pública uma tomada de posição aprovada numa reunião da autarquia, realizada em 14 de fevereiro.
Numa nota enviada às redações, o município critica duramente o Plano Ferroviário Nacional referindo que o atual projeto apresentado pelo Governo “não oferece cobertura a todo o território nacional e relega investimentos estruturantes para o desenvolvimento e coesão territorial para um prazo de 20 a 30 anos”.
Afirma ainda que “o prazo previsto para a realização dos investimentos nas ligações ferroviárias do interior não é aceitável” e que é urgente e crucial “o investimento na região para a fixação de pessoas e empresas”.
De acordo com a tomada de posição pública, a Câmara não aceita e não concorda com o atual documento, por deixar de fora ligações ferroviárias consideradas como cruciais para o desenvolvimento regional.
A autarquia transmontana sublinha que “este Plano Ferroviário ostraciza Trás-os-Montes, discriminando um território já por si fragilizado, despovoado e envelhecido e cuja tendência será o agravamento da conjuntura socioeconómica se não houver coragem para uma mudança no paradigma de investimentos, que privilegia sempre o litoral do país. Deveria ser já reconhecida centralidade ibérica de Trás-os-Montes, dando-lhe condições para oferecer uma porta de entrada para toda a Europa através da Alta Velocidade em ligações para Lisboa, Porto, Madrid e Europa”.
A proposta do Governo é vista como uma hipótese negativa para a região, “quando a mesma deveria ser estratégica para o desenvolvimento do nosso país e da região norte, nomeadamente para valorizarmos ainda mais o Aeroporto Francisco Sá Carneiro e o Porto de Leixões. Os grandes investimentos concentram-se no litoral, não se assumindo como um verdadeiro Plano Nacional, já que ficam de fora importantes ligações dentro do país, como a ligação entre as Beiras e Trás-os-Montes”.
A Câmara Municipal de Alfândega da Fé escreve ainda que se manifestou também na consulta pública do Plano Ferroviário Nacional e aí expôs o “seu profundo desacordo” perante a proposta apresentada pelo Governo para a ligação ferroviária a Trás-os-Montes, tendo a esse propósito incluído o estudo efetuado pela Associação Vale d’Ouro que em setembro de 2021 propôs uma ligação de alta velocidade entre o Aeroporto Francisco Sá Carneiro e Madrid via Trás-os-Montes, servindo as capitais de distrito e principais cidades da região.
A Câmara Municipal de Alfândega da Fé defende também a construção de uma ligação da futura ferrovia do Nordeste a Vila Franca das Naves, considerando urgente ligar os 60 quilómetros de Vila Franca das Naves até ao Pocinho, ligando e malhando, desta forma a rede da região Centro com a rede da região Norte, de forma a promover interligações e interfaces de desenvolvimento local e regional entres as Beiras e Trás-os-Montes. Defende ainda a criação de uma rede ferroviária intermunicipal para o sul do Distrito de Bragança, que permita combater o isolamento da população, com ligações ao litoral e Beira Alta.
“Estamos perante um território com enorme potencial na área do turismo e acreditamos que o transpone ferroviário é crucial para alavancar o seu crescimento, de uma forma sustentável. possibilitando a vinda de um maior número de visitantes à região”, lê-se no comunicado da autarquia transmontana.
Jornalista: Rita Teixeira