Vai aguardar julgamento em liberdade com apresentações diárias à PSP de Mirandela, o homem de 50 anos que foi detido, ontem, pela Polícia Judiciária suspeito de ter ocultado o cadáver da mãe, com 70 anos, em avançado estado de decomposição, no interior da casa onde ambos viviam, em Mirandela.
Foi esta a medida de coação aplicada, esta tarde, pelo Juiz de Instrução Criminal, após ter sido presente a primeiro interrogatório no tribunal de Mirandela.
Ao que apurámos, o facto de ainda não se conhecer o resultado da autópsia, que irá apurar se a antiga auxiliar de ação médica do Hospital de Mirandela faleceu de causas naturais ou por intervenção de terceiros, condicionou a aplicação de uma medida de coação mais grave, tendo em conta que desta forma o homem de 50 anos está apenas indiciado de um crime de profanação de cadáver, cuja moldura penal é inferior a dois anos de prisão, pelo que não se enquadra na aplicação da prisão domiciliária ou preventiva.
Apesar de ainda não se saber em concreto quando terá ocorrido a morte de Maria Julieta Gomes, haverá alguns indícios que levam a PJ a suspeitar que a mulher morreu em fevereiro de 2020 e que o filho, de 50 anos, não sinalizou o óbito para receber a pensão da mãe. É sobre este quadro que decorrem as investigações.
Em declarações à Terra Quente FM, um dos vizinhos da vítima, que não se quis identificar, confirmou que já não via a mulher de 70 anos há muito tempo. “Não tenho noção do tempo há que já não via a senhora, mas certamente há mais de um ano”, disse.
A dada altura, a PSP também desconfiou da razão de não ter conseguido notificar a mulher de um despacho proferido num processo de violência doméstica em que o suspeito era o filho.
Não conseguindo notificar aquela antiga auxiliar de ação médica do Hospital de Mirandela, que sofria de Alzheimer, a PSP comunicou o facto ao tribunal. E o Ministério Público instaurou um inquérito que foi entregue à Polícia Judiciária.
Ontem, operacionais da PJ de Vila Real encontraram o cadáver da vítima sobre uma cama, na habitação onde ela vivia com o filho, afastada da cidade e com poucas casas em redor.
O corpo foi removido pelos Bombeiros de Mirandela para o gabinete do Instituto Nacional de Medicina Legal, na unidade hospitalar local.
As autoridades recolheram prova para indiciar o filho de profanação de cadáver. Agora tentarão apurar se o homem, com antecedentes por consumos de droga, se aproveitou de facto da morte da mãe para receber a pensão de reforma.
A autópsia que poderá esclarecer se a mulher faleceu de causas naturais ou por intervenção de terceiros, deverá ser realizada no início da próxima semana.
Jornalista: Fernando Pires