O município de Chaves está a preparar medidas de contingência para implementar de forma gradual em função da criticidade e escassez de água, como a sensibilização, fiscalização, abastecimentos pelos bombeiros ou restrições pontuais.
O ano de 2022 está a ser de seca, em algumas regiões do país já de seca extrema, e as preocupações com a água, seja para consumo ou para rega, aumentam, ao mesmo tempo que se faz sentir, também, cada vez mais calor.
Para agir de acordo com a “criticidade e a escassez de água”, o presidente da Câmara de Chaves, Nuno Vaz, afirmou que o município está “a trabalhar em algumas medidas de contingência” que serão implementadas “de forma gradativa”.
O autarca elencou ações já realizadas como novas captações, o melhoramento de outras, os novos furos hertzianos, a reparação de depósitos, a substituição de condutas e a implementação de novos mecanismos de monitorização e controlo de perdas da rede pública.
Para além disto tudo, referiu ainda que a autarquia está, neste momento, a preparar uma campanha de sensibilização para “que haja um maior compromisso por parte de todos”.
“Mais importante do que a resposta das entidades gestoras, câmaras, juntas, é a resposta individual e coletiva dos cidadãos porque essa vai garantir que há água”, afirmou à agência Lusa.
Em algumas aldeias do concelho já está a ser feito o transporte pelos autotanques dos bombeiros para os depósitos que fornecem água às populações. Há situações em este procedimento tem sido feito também em anos anteriores, mas este ano acontece mais cedo.
“Com as três corporações de bombeiros (Flavienses, Salvação Pública e Vidago) temos um compromisso, que será em breve vertido em contrato programa, em que ficarão com a obrigação de colaborar neste processo e assegurar um número mínimo de transporte de reservatórios de água aos vários sistemas autónomos espalhados pelo concelho”, referiu.
Acrescentou que, depois, “em situações de maior exigência e criticidade” poderá vir a ser necessário “tomar decisões de racionar a utilização da água”, restringindo o acesso em determinados períodos do dia.
No concelho também já há aldeias onde os depósitos de água fecham durante a noite.
“Ao mesmo tempo incrementar as campanhas de fiscalização no sentido de progressivamente ir eliminando situações de abuso e de ilegalidade que ainda temos no território, seja através de ligações não autorizadas, que ainda são muito significativas, seja porque a água para consumo humano é utilizada para outras finalidades que nos parecem ilegitimas quando está em causa o acesso a água por parte de outros concidadãos”, salientou.
Neste concelho do distrito de Vila Real, a água da rede pública é fornecida pela empresa Águas do Norte, através da barragem do Alto Rabagão, e de dezenas de sistemas autónomos (nascentes e furos hertzianos), sendo que estes são geridos pelas juntas de freguesias e localizam-se na margem esquerda do rio Tâmega.
O nível da água da albufeira do Alto Rabagão (Pisões), em Montalegre, desceu cerca de 30 metros e está com cerca de 20% da sua capacidade de armazenamento.
“Quem olha para aquela barragem, de facto, o impacto é tremendo. No entanto, a entidade que faz a gestão, a Águas do Norte, tem-nos transmitido uma mensagem de tranquilidade e de que nos próximos dois anos haverá capacidade suficiente para garantir o fornecimento de água às respetivas populações tendo em conta as médias de consumo dos últimos anos”, salientou.
Ainda assim, Nuno Vaz disse que não é para se ficar “descansado”.
“Se a água tratada for destinada exclusivamente a estas finalidades – consumo humano, confeção de refeições e higiene pessoal – seguramente teremos capacidade para garantir a água”, referiu.
No entanto, acrescentou, se for usada para, por exemplo, rega de jardins, de hortas, lavar viaturas ou pavimentos, então “ela será manifestamente insuficiente”.
Por isso mesmo reforçou que é necessário que todos se comprometam com o objetivo de “racionar a água”.
Para além da água para consumo, há também preocupações com a água para rega. Por exemplo, a barragem de Arcossó (Nogueirinhas) está com cerca de 30% da sua capacidade e os agricultores da veiga de Chaves já cumprem restrições na rega neste território onde as culturas predominantes são a batata e o milho.
Nuno Vaz defendeu que é também preciso “introduzir processos de eficiência”, como por exemplo a irrigação por precisão, na atividade agrícola para garantir que “há menos desperdício de água”, um trabalho que disse que é preciso fazer em conjunto com os ministérios do Ambiente e da Agricultura.
Por: Lusa