A Associação Ibérica de Municípios Ribeirinhos do Douro (AIMRD) pretende transformar-se no maior Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (AECT) da Europa para desenvolver este território peninsular, que abrange dois milhões de pessoas e 48 municípios.
“A transformação da AIMRD em AECT é um passo muito complexo. Contudo, nós temos diferenças notórias neste contexto: representamos dois milhões de cidadãos europeus e 48 municípios ibéricos com interesses comuns ao longo de todo o curso do rio Douro. Pretendemos ser um organismo de base territorial e não apenas fronteiriço”, explicou à Lusa o secretário-geral da AIMRD, Carlos Jesus Ribas.
Esta decisão foi reiterada ontem numa reunião do Conselho Geral da AIMRD que decorreu em Miranda do Douro, no distrito de Bragança, autarquia que detém a presidência deste organismo ibérico até 2023.
“Agora, o importante é abreviar todo este processo de transição para AECT em conjunto com os 48 municípios envolvidos porque trabalhamos em conjunto desde 1994, e temos nos nossos estatutos este objetivo. O pretendemos continuar com este projeto, a promoção de todo o território do rio Douro, tanto em Espanha como em Portugal”, vincou o responsável.
Desde a sua criação, em junho de 1994 e sendo, desde então, a entidade de cooperação luso-espanhola de referência no eixo do Douro e pelo Douro, a AIMRD retoma o acordo de transformação em AECT com o objetivo de dar mais um passo na promoção, desenvolvimento e defesa conjunta no âmbito dos municípios ribeirinhos do Douro, da nascente até à foz.
“Entendemos que podemos ser a nível europeu o primeiro AECT com abrangência territorial e não apenas fronteiriça, como acontece em alguns dos casos já existentes em Portugal e Espanha”, vincou.
Este processo passa pela elevação da proposta da Comissão Executiva ao Conselho Geral, sendo este órgão plenário da organização aquele que terá de tomar a decisão definitiva sobre esta transformação, uma proposta que já foi aceita e começa agora a ganhar forma.
“Para já há avanços no processo de transformação em AECT, bem como na abordagem do novo quadro de programação dos fundos europeus”, indicou Carlos Jesus Ribas.
A nova presidente da AIMRD e também autarca de Miranda do Douro, Helena Barril, disse que fará as ‘démarches’ necessárias junto das entidades portuguesas para se conseguir levar a bom porto este processo de transformação em AECT.
“Vamos diligenciar do lado português a concretização do objetivo desta associação em se transformar em AECT. A cooperação transfronteiriça é e será sempre uma prioridade para Miranda do Douro porque faz parte da génese do nosso povo”, enfatizou a autarca social-democrata.
A estratégia de colaboração também será considerada pelos novos executivos autárquicos, em ambos os países [Portugal e Espanha], dada a importância do desenvolvimento e reforço do eixo Duero/Douro e dado o papel da AIMRD como principal organismo de cooperação que atua em todo o eixo do rio, representando cerca de dois milhões de cidadãos europeus.
A AIMRD agrega 48 municípios ribeirinhos do rio Douro que se estendem desde a sua nascente na Serra de Urbión, na província espanhola de Sória, até à sua foz, no Porto.
O Douro é o rio mais importante do noroeste da Península Ibérica, com um total de 897 quilómetros de extensão, 572 dos quais em território espanhol e 213 navegáveis por terras portuguesas.
Por: Lusa // Foto: CM Miranda do Douro