O presidente da câmara de Vimioso defendeu hoje que o Governo tem de apostar mais na educação para ajudar a fixar pessoas em concelhos de baixa densidade e prolongar os níveis de ensino até ao 12º ano.
Em declarações à Lusa, Jorge Fidalgo disse que quando o Estado Central não garante um serviço elementar e básico como é o da escolaridade obrigatória, torna-se muito mais difícil fixar população no concelho.
“Quando os pais olham numa perspetiva de futuro para ensino dos seus filhos percebem que a partir do 9º ano, no concelho deles, não é possível frequentar o ensino secundário até ao 12º ano, a escolaridade obrigatória”, vincou o autarca social-democrata.
“Os jovens na casa dos 15 anos começam a sair do concelho para estudar e por vezes não regressam porque criam raízes noutros locais, o que contribuiu para o despovoamento de concelhos como Vimioso”, observou.
Para Jorge Fidalgo, é necessária uma inversão de políticas ao nível de Estado Central, até porque Vimioso tem feito alguns esforços nesse sentido tais como o pagamento da creche para alunos desta faixa etária.
“Terá de haver medidas diferenciadoras no setor da educação a par da criação de empregos para concelhos com o nosso, se não for desta forma é muito difícil fixar as pessoas e aumentar a natalidade”, frisou o autarca de Vimioso, no distrito de Bragança.
Durante o ano de 2021, o concelho de Vimioso registou apenas 17 nascimentos, o número mais baixo dos últimos 19 anos.
O município de Vimioso foi “pioneiro” no país ao implementar em 2002 medidas de apoio à natalidade, com um prémio inicial de 500 euros, valor que foi duplicado em 2005 para ajudar a combater o despovoamento do território do Planalto Mirandês.
“A média anual de nascimentos nos últimos 19 anos situa-se nos 20 a 25 nascimentos por ano. Este ano foi aquele em que o número de nascimentos foi mais baixo”, disse Jorge Fidalgo.
Para tentar contrariar esta tendência, o município vai pagar já a partir no início do próximo ano, através de um protocolo estabelecido com Misericórdia local, a totalidade da mensalidade da creche para as crianças do concelho.
“Apesar de tudo isto, o Estado terá de olhar para os serviços públicos de outra maneira, para que as pessoas possam ter perspetivas de futuro. É quase inconcebível que um concelho não possa oferecer aos seus alunos a escolaridade obrigatória. O facto de não haver ensino secundário em Vimioso tem levado muita gente jovem para fora deste concelho”, indicou o autarca transmontano.
Por outro lado, o município de Vimioso vai suportar encargos com 25 crianças em idade de creche independente da condição económica dos pais, o que perfaz um investimento superior a 10 mil euros por mês.
Por: Lusa