Ainda assim, diz ter tomado a iniciativa, junto do Ministério da Justiça, de preparar legislação com vista a passar a permitir a realização de autópsias aos fins-de-semana e feriados.

O Conselho Diretivo do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (INMLCF) garante que, apesar da aposentação do único médico que realizava autópsias em Mirandela, “não tem havido atrasos na realização de autópsias, para além das decorrentes da situação de pandemia, dada a necessidade da realização de um teste prévio ao Sars-Cov-2, o que acontece em todos os serviços médico-legais a nível nacional”, pode ler-se na resposta escrita enviada ao JN.

É a reação ao coro de críticas que têm surgido na cidade transmontana, principalmente depois do testemunho de revolta dos pais do rapaz de 14 anos que morreu, na passada quarta-feira (9 de junho), no rio Tua, quando nadava com outros colegas na praia fluvial da cidade. O corpo foi encontrado já ao anoitecer, pelas 20.40 horas, mas só foi autopsiado, na segunda-feira (cinco dias depois), levando a que as cerimónias fúnebres só pudessem ter acontecido esta terça-feira.

Quanto a este caso em concreto, o INMLCF responde que a ordem de autópsia “só foi recebida no decurso da tarde de sexta-feira, foi realizado o teste ao Sars-Cov-2 e, não se realizando ainda autópsias aos fins-de-semana, foi a autópsia realizada, segunda-feira, no início da manhã”.

Certo é que entre quarta e segunda-feira, a morgue de Mirandela teve cinco cadáveres à espera de autópsia, uma situação que tem acontecido com alguma frequência, no último ano, garante um agente funerário. “A disponibilidade e celeridade na realização da autópsia, que era célere, é agora notoriamente mais burocrática e gerida a partir do Porto”, diz este agente funerário. “É triste, porque nós mediamos as expetativas, a dor e sofrimento dos familiares antes da realização do funeral temo-nos apercebido de um desconforto crescente das famílias que passam infelizmente por estas situações de mortes traumáticas, sentimo-nos totalmente impotentes”, conta.

Na nota escrita enviada ao JN, aquele Instituto acrescenta que “o Ministério da Justiça e o INMLCF são muito sensíveis ao sofrimento das famílias, de tal modo que foi tomada a iniciativa de preparar legislação com vista a passar a permitir a realização de autópsias aos fins-de-semana e dias feriados”, conclui.

Sobre este assunto, também o CDS já pediu explicações no Parlamento. Numa pergunta dirigida à Ministra da Justiça, os deputados do CDS – Ana Rita Bessa e Telmo Correia – querem saber “quando, e como, será resolvida a situação de falta de médico especialista em Medicina Legal em Mirandela, e se vai ser alocado algum profissional ou vai ser aberto concurso e, em qualquer um dos casos, quando”.

Jornalista: Fernando Pires 

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