Mais de uma centena de abastecimentos em pouco mais de um mês. Investimento do Município duplicou face a 2019.

As operações de abastecimento de água às aldeias através de camiões cisterna dos bombeiros está a ter um aumento brutal em todo o país. 

Segundo a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, as corporações de bombeiros de Bragança, Mirandela e Mogadouro são aquelas que mais abastecimentos de água realizam a nível nacional.

No caso do concelho de Mirandela, são 9 as aldeias que estão a ser abastecidas por esse sistema, praticamente as mesmas de anos anteriores, só que a periodicidade chega a ser sete vezes superior a 2021.

Em julho do ano passado, foram efetuados 17 abastecimentos, este ano chegou aos 117. “Em maio deste ano realizamos 6 serviços de abastecimento de água. Em junho aumentou para 41 e em julho já foi de 117, em 9 localidades”, adianta o comandante dos bombeiros voluntários de Mirandela.

“São situações em que os furos ou as fontes acabaram por secar ou ter uma diminuição do caudal bastante acentuada, devido à seca que estamos a atravessar, mas também há que ter em conta que o próprio consumo nestes meses tem um aumento exponencial porque a população duplica ou até triplica e com isso o consumo cresce bastante”, acrescenta Luís Carlos Soares.

Segundo o vice-presidente do Município de Mirandela, Orlando Pires, só entre 1 de julho e 4 de agosto, “mais de 3 milhões e 400 mil litros de água foram transportados pelos camiões cisterna dos bombeiros nos mais de 100 abastecimentos de reservatórios de água espalhados pelo concelho. Um investimento de cerca de 40 mil euros suportado pela autarquia, o dobro de 2019, um ano de referência porque em 2020 e 2021 estávamos sob efeito da pandemia”, lembra Orlando Pires.

O vice-presidente da autarquia assegura que, pelo menos por agora, “não há problemas no abastecimento de água à população do concelho”, mas apela para a adoção de práticas de poupança para não ser necessário aplicar medidas mais duras. “É importante o uso devido da água e o Município está a dar esse exemplo com a colocação de redutores de água nas torneiras e autoclismos dos equipamentos municipais, cancelamos a lavagem da frota automóvel e reduzimos em 60 por cento a rega dos jardins, e julgamos que com estas medidas não será necessário entrar numa fase 2 que traria um conjunto de medidas de contingências que esperamos que não sejam necessárias”, acredita.

Orlando Pires refere ainda que o Município está a adotar “uma estratégia de aproveitamento de recursos hídricos e de melhorias no sistema de fornecimento e tratamento de águas com um investimento de cerca de 6,6 milhões de euros”, lembrando que a Câmara Municipal de Mirandela “tem aprovadas 22 candidaturas a fundos comunitários com vista à resolução de problemas de qualidade da água de abastecimento e de poluição urbana de massas de água, bem como para fecho de sistemas de saneamento de águas residuais”, conta.

Jornalista: Fernando Pires 

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